Porque o amor é feito de promessas descumpridas


Já fiz promessas que não cumpri, admito. Quem nunca fez? Dentre as muitas definições que o amor tem, pra mim uma das mais realistas é essa: o amor são promessas descumpridas. Porque amor sem promessas não é amor. E não falo necessariamente em promessas de eternidade – essas são apenas algumas das que jamais se concretizarão. Prometer parece uma vontade inerente que cresce junto com o sentimento. Toda história romântica um dia foi uma troca de promessas, mesmo que tenha durado uma semana.

O amor é tão fundado nelas, que a mais solene de todas se dá no ápice do evento magnânimo que consolida a união entre um casal, é aquela que resiste às adversidades, à riqueza, pobreza, saúde e doença, pela eternidade. Quantos votos como estes foram realmente imaculados? E qual é o propósito de prometer?

São vários, eu diria. Tem gente que promete esperança – prometo que tudo vai dar certo, prometo que juntos conseguiremos. Tem gente que promete anunciando mudanças – prometo ser mais organizadoprometo ser menos ciumenta. Tem gente que promete quando está arrependida –prometo que não vai acontecer de novoprometo que foi só dessa vez. Tem gente que promete pra amenizar distâncias – prometo te ligar todos os diasprometo voltar logo. Tem gente que promete construindo futuros – prometo que vou te esperarprometo que moraremos juntos. E tem gente que promete o impossível, mas com licença poética – te prometo as estrelaste prometo todas as flores do mundo. Mas e cumprir tudo isso?

Posso soar um tanto pessimista quanto às relações afetivas, mas não me interpretem mal – é exatamente o oposto. O que quero ressaltar é que apesar dos finais muitas vezes dolorosos, são as promessas que nos fazem sorrir andando na rua, que nos fazem dançar pela casa, que nos fazem aguentar a saudade, que nos fazem viver com mais vontade. Por isso, se um dia o amor se esvair por entre nossos dedos, não fiquemos frustrados pelas promessas idas –  são elas que impulsionam as almas uma em direção à outra, quando os corpos já estão entrelaçados.

Promessas genuínas não têm que ser inquebráveis. Cada vez que uma é pronunciada, dá vazão ao sentimento que existe no tempo presente, nenhuma é em vão. Por fim, arrisco dizer que aquele poema cheio de promessas descomprometidas de Vinícius representa com fidelidade minhas palavras: “eu prometo te fazer promessas sinceras, com todo o meu coração, mesmo que elas só durem por alguns instantes”.


Gostaram do texto? 
A autora é a Alicia Madrid, discorre sobre literatura no site 
euqueacho.com.br
Beijos

6 comentários:

  1. Que texto lindo, em plena madrugada ;)

    http://apetrechosdeumagarota.blogspot.com.br/2013/10/mimos-recebidos-tpm-de-ofertas.html

    ResponderExcluir
  2. Melhorou e muito a madrugada de sexta *-*;
    Realmente é da forma que você falou. São essas promessas que nos impulsionam e eu não quero nem pensar no que seria da vida sem elas rs.
    Só não enganar-se ao ponto de se martirizar caso alguma delas não sejam cumpridas.
    http://gabipuppe.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  3. O amor é cheio de promessas mesmo, mas seria legal poder cumprir boa parte delas. Confesso que apesar de a maioria ser poética, não sou lá muito chegada nelas. Sempre preferi algo concreto... Que me desse mais segurança. Apesar de que nesse meio não tem muita segurança, não é? Relacionamentos estão sujeitos e brigas e términos mesmo...

    Achei seu blog em algum grupo de Blogueiras do Facebook. E ah, vi sobre a promoção do livro Theorema de Katherine e já estou participando (adoro promoções). Segui você no Twitter (até temos seguidores em comum) e seguirei o Blog também, voltarei mais vezes.

    Beijos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo com você Thais!
      Oba, boa sorte viu... :D
      Volte sim. Obrigada pelo carinho.
      Beijos

      Excluir